domingo, 13 de junho de 2010

Discernimento, Liberdade e Responsabilidade

Ao longo de toda a nossa vida somos chamados a tomar decisões a cada instante. E para que todas as nossas decisões sejam sábias, o discernimento é o elemento fundamental.

O rei Salomão, em sonho, podendo pedir a Deus o que quisesse, pediu-lhe discernimento:

“Dá a teu servo um coração cheio de julgamento para governar teu povo e para discernir entre o bem e o mal, pois quem poderia governar teu povo que é tão numeroso?” (1 Rs, 9)

O discernimento moral na ética cristã é o sinal vivo da consciência moral humana. Por conseguinte, sendo a consciência a própria voz de Deus, a falta de discernimento demonstra incapacidade de ouvi-Lo.

O discernimento brota de dentro de nós, mas somente isso não é suficiente. É preciso exercitá-lo, amadurecê-lo. É necessário que estejamos sempre atentos aos ensinamentos revelados a nós pelas Sagradas Escrituras, pela Sagrada Tradição e pelo Sagrado Magistério da Igreja.

Alcançar a verdadeira liberdade implica em alcançar o pleno discernimento. Assim, podemos ter certeza de que as escolhas que fizemos estão revestidas da sabedoria de Deus. Sabedoria a qual Ele próprio dá a quem pede.

“Se alguém dentre vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a concede generosamente a todos, sem recriminações, e ela ser-lhe-á dada, contanto que peça com fé, sem duvidar, porque aquele que duvida é semelhante às ondas do mar, impelidas e agitadas pelo vento. Não pense tal pessoa que receberá alguma coisa do Senhor, dúbio e inconstante como é em tudo que faz.” (Tg 1, 5-7)

Discernimento, liberdade e responsabilidade estão intimamente ligados. No alvorecer do cristianismo, São Pauo lançou as bases para a ética da vida cristã. Sua proposta consistiu em aliar à liberdade a responsabilidade “tudo me é permitido, mas nem tudo me convém”. (1 Cor 6,12)
Ainda na primeira epístola enviada aos Coríntios verificam-se apelos semelhantes. Paulo valoriza a liberdade mas aconselha a prudência:

“(...) tomai cuidado para que a vossa liberdade não se torne ocasião de queda para os fracos.” (1 Cor 8,9)

Outra epístola paulina que mostra claramente a liberdade como um dos elementos éticos fundamentais da vida humana é a carta aos Gálatas:

“Foi para a liberdade que Cristo nos libertou.” (Gl 5,1)

No contexto de tudo que Paulo escreve , é possível deduzir o que convém aos cristãos: tudo o que congrega, edifica e tece a vida das pessoas. É preciso então discernimento:

“E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos, renovando a vossa mente. A fim de poderdes discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, agradável e perfeito.” (Rm 12, 2)

A Igreja Católica tem o compromisso de orientar o povo de Deus nesse sentido e o tem feito, sobretudo após o Concílio Vaticano II, quando através da Constituição Dogmática Gaudium et Spes, renovou as exortações de Paulo, valorizando as decisões individuais das pessoas e a sua própria autonomia moral, sem contudo deixar de lembrar que todo ser humano tem o dever de esforçar-se em aperfeiçoar a voz da própria consciência.

Ser livre não significa poder fazer o que quiser. Ser livre significa alcançar o mais alto nível de discernimento, ouvir a voz da consciência com a maior nitidez possível e, amparado pelo aperfeiçoamento espiritual adquirido pela luz da doutrina, encontrar sempre o melhor caminho.

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A paz de Cristo!

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