segunda-feira, 31 de maio de 2010

A Santíssima Trindade - Parte 1

A fé católica é esta: adoramos um só Deus na Trindade - Pai, Filho e Espírito Santo. É Trindade na Unidade, sem confusão das pessoas e sem divisão da substância. Fala-se muito que a Santíssima Trindade é um mistério e, de fato, é. É impossível para nós entendê-la por completo. Mas não se preocupe. Quando alcançarmos finalmente o Reino dos Céus, nós conheceremos a plenitude da verdade. Prepare-se para esse momento!

Embora seja um mistério, há muitas coisas que são possíveis conhecer sobre a Santíssima Trindade. As Sagradas Escrituras contém informações mais que suficientes para elaboração da sua doutrina. Vamos, inicialmente, ao Antigo Testamento.

Os cristãos de um modo geral simplificam as coisas afirmando que no Antigo Testamento só é revelado o Deus único, enquanto no Novo Testamento nos é revelada a Santíssima Trindade. Entretanto, é possível identificar algumas leves prefigurações trinitárias também no Antigo Testamento, das quais é possível destacar:

Gn 1, 26 - "Façamos o homem à nossa imagem e semelhança."

Observe que o autor do texto sagrado, inspirado, põe o verbo fazer na primeira pessoa do plural. Alguns vêem aí um diálogo íntimo entre pessoas divinas. Ou seja, interpretado assim, tal trecho mostra a presença da Trindade no momento da Criação.

Mais interessante ainda é o trecho abaixo, conhecido como xenodoquia (hospitalidade de Abraão aos estrangeiros).

Gn 18, 1-3 - "O Senhor apareceu a Abraão nos carvalhos de Mambré, quando ele estava assentado à entrada de sua tenda, no maior calor do dia. Abraão levantou os olhos e viu três homens de pé diante dele. Levantou-se no mesmo instante da entrada da sua tenda, veio-lhes ao encontro e prostrou-se por terra. Meus senhores, disse ele, se encontrei graça diante de vossos olhos, não passeis avante sem vos deterdes em casa de vosso servo."

Repare que no início do capítulo o autor diz que o Senhor apareceu a Abraão. Em seguida, afirma que Abraão viu três homens de pé diante dele. A Unidade está expressa em "Senhor", no singular. A Trindade aparece na menção aos "três homens".

Entretanto, é mais útil para nós fixarmos nossa atenção no conceito de Deus único como se revela na maior parte do Antigo Testamento. O Deus transcendente elevado divinamente acima de todo o resto e que, ao mesmo tempo, relaciona-se de modo particular com o seu povo, como um pai compadecido por sua sorte.

Deus desce dos céus para junto do povo do Israel e com o seu amor supera o abismo entre ele e os homens mortais. E faz isso através de sua palavra, da revelação de sua sabedoria e do envio do seu espírito. Sobre isso, falaremos na parte 2.

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A paz de Cristo!

Ostensório Pericorese

sábado, 29 de maio de 2010

João Paulo II - 30 anos da maior visita de um Papa ao Brasil

Neste ano de 2010, a maior visita de um papa ao Brasil completará 30 anos. Em 30 de junho de 1980, Sua Santidade o Papa João Paulo II, então com 60 anos, desembarcava em Brasília por volta do meio-dia. Após beijar pela primeira vez o solo brasileiro (o pedaço de concreto beijado, com 20 centímetros quadrados, foi cuidadosamente retirado para ser preservado), permaneceria no país durante doze dias percorrendo mais de 30.000 km e visitando treze cidades: além da capital federal, Belo Horizonte (MG), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Aparecida do Norte (SP), Porto Alegre (RS), Curitiba (PR), Manaus (AM), Recife (PE), Salvador (BA), Belém do Pará (PA), Teresina (PI) e Fortaleza (CE). Em Brasília, 2,5 milhões de pessoas acompanharam sua missa na Esplanada dos Ministérios.

João Paulo II fez seus discursos com clareza e sem rodeios. Em pleno regime militar, defendeu justiça social, liberdade sindical, reforma agrária, direitos humanos e educação sexual. Por outro lado, condenou a Teologia da Libertação - linha de pensamento controversa da Igreja Católica que, com influências marxistas, enfatiza a situação social da população - e o aborto.

Na época eu estava próximo de completar oito anos de idade e me lembro bem da gigantesca mobilização que envolveu o país naqueles dias. Lembro-me da belíssima música "A bênção, João de Deus", composta por Péricles de Barros, trilha sonora que embalou o Brasil naquele dias. Lembro-me de quando João Paulo II pegou no colo um bebê que estava em meio a multidão de fiéis em uma das cidades que visitou. Lembro-me de ter acompanhado boa parte da visita pela TV, na casa da minha avó. Ainda hoje, meus pais guardam com carinho a moeda comemorativa dessa passagem de Sua Santidade por aqui.

João Paulo II foi o primeiro Papa a visitar o Brasil, o maior país católico do mundo. Essa especial reverência fez com que aqui retornasse ainda outras duas vezes. Em 1991, João Paulo II beijou novamente o solo brasileiro, fato inédito até então, uma vez que não repetia o gesto quando chegava a uma nação pela segunda vez.

Por seu caráter missionário e carismático, João Paulo II é considerado o Papa mais popular da história da Igreja Católica. E por todo o especial carinho que teve pelo nosso país, devemos a ele uma especial admiração.

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A paz de Cristo!

         João Paulo II beija o solo brasileiro em 1980

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Cristianismo x Espiritismo – Palestra do Prof. Daniel Custódio Rios

No último dia 26 de maio, a Paróquia de São Benedito em Pilares promoveu por iniciativa de seu Pároco, Pe José Mazine Rodrigues, uma palestra sobre os conflitos doutrinários entre Cristianismo e Espiritismo. A palestra foi ministrada pelo Prof. Daniel Custódio Rios, teólogo e, entre outras atribuições, coordenador da Escola Mater Ecclesiae de Fé e Catequese da Arquidiocese do Rio de Janeiro. O evento foi motivado pela grande quantidade de questionamentos surgidos após o lançamento do filme sobre a vida do conhecido médium brasileiro Chico Xavier.

Logo no início, o Prof. Daniel deixou bem claro ao público presente que tratava-se de um esclarecimento direcionado à fiéis católicos apostólicos romanos, convidando a todos a rezar de pé o Credo, em uníssono, como forma de professar com firmeza a nossa fé.

Também acrescentou que o objetivo não era atacar a fé dos irmãos não cristãos e sim realçar a grande quantidade de discrepâncias entre as duas doutrinas e convocar o povo católico a abraçar a sua fé por inteiro.

O Espiritismo é ramificado em várias correntes. A palestra tratou especialmente do Kardecismo, corrente essa criada por Alan Kardec, pseudônimo de Hippolyte Léon Denizard Rivail (1804-1869), que bebeu nas fontes do Hinduísmo e do Budismo para desenvolver a sua doutrina. Exemplo disso é a Lei do Karma, uma espécie de compensação entre bem e mal que aconteceria na trajetória reencarnacionista dos espíritos.

O Prof. Daniel explicou em linhas gerais como a utilização de recursos explicados pela parapsicologia associados à hipnose e a auto-sugestão, podem desvendar “fenômenos” como a “psicografia”, a “comunicação com o mundo dos mortos” e as “cirurgias espirituais”. Citou também como a psicoterapia de regressão (até a vida intra uterina e não às vidas passadas), pode explicar muitos casos atribuídos a “ação de espíritos desencarnados”.

Por fim, foram elencados quarenta pontos de divergência entre as doutrinas Católica e Espírita, evidenciando um grande número de argumentos que devem afastar os católicos de determinadas práticas. Entre esses pontos podemos destacar a desvalorização do papel de Deus, que seria um mero “guarda de trânsito a controlar o tráfego de espíritos”, a absoluta negação da Santíssima Trindade, da divindade e da humanidade de Jesus e da importância de Maria.

A maior importância de um evento como esse é a chance de abrir os olhos de muitos cristãos dados a práticas supersticiosas, motivadas pelo desejo de satisfazer com imediatismo às suas necessidades e, muitas vezes, caprichos. Dessa forma, tornamo-nos responsáveis pela a mistura de crenças que gera, particularmente no Brasil, um exagerado sincretismo religioso. Não nos é possível crer em reencarnação e ressurreição ao mesmo tempo. Não nos é permitido falar em karma e rezar em seguida uma Ave Maria.

O Prof. Daniel, com propriedade, praticamente nos intima a tomar uma decisão: Vamos ou não abraçar a nossa fé por inteiro? Vamos ou não buscar o necessário aprofundamento da nossa doutrina, a fim de não incorrer em erros crassos?

Não se trata de discutir se esta ou aquela fé é melhor ou pior. Trata-se de saber, com confiança, de que lado estamos e viver conscientemente essa escolha.

"Agora, pois, temei o Senhor e servi-o com toda a retidão e fidelidade. Tirai os deuses que serviram vossos pais além do rio e no Egito, e servi o Senhor. Porém se vos desagrada servir o Senhor, escolhei hoje a quem quereis servir: se aos deuses, a quem serviram os vossos pais além do rio, se aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais. Porque, quanto a mim, eu e minha casa serviremos o Senhor." (Js 24,14-15).

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A paz de Cristo!

domingo, 23 de maio de 2010

A consciência trinitária dos primeiros cristãos

No próximo domingo, celebra-se a solenidade da Santíssima Trindade. Com certeza há muito o que falar sobre o mistério maior de nossa fé. Porém, um aspecto não doutrinário, mas interessante, é a consciência trinitária que já possuíam os primeiros cristãos.

A Santíssima Trindade nos é revelada no Novo Testamento. Nos escritos dos primeiros cristãos, particularmente nas cartas de São Paulo, de São Pedro e de São João percebe-se a existência de uma consciência trinitária. Essa consciência se expressa por fórmulas ternárias onde o Pai, o Filho e o Espírito Santo aparecem juntos. Tal fato mostra existir uma fé na Santíssima Trindade, embora sem existir uma doutrina bem elaborada sobre o assunto. A doutrina supõe questionamento, reflexão e sistematização das idéias o que só aconteceu cerca de dois séculos depois.

Abaixo, alguns textos que fundamentam a existência dessa consciência trinitária nas Sagradas Escrituras:

Mt 28, 19 – “Ide, pois, fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.”

2Cor 13, 13 – “A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós.”

2Ts 2, 13-14 – “Nós, porém, devemos dar incessantes graças a Deus por vós, irmãos amados do Senhor, a quem desde o princípio Deus escolheu para salvar pela santificação do Espírito e pela fé verdadeira. Por meio de nossa evangelização, ele também vos chamou para alcançardes a glória de Nosso Senhor Jesus Cristo.”

2Cor 1, 21-22 – “Aquele que nos fortalece convosco em Cristo e nos dá a unção é Deus, o qual nos marcou com um selo e pôs em nossos corações o penhor do Espírito.”

Rm 14, 17-18 – “... porquanto o Reino de Deus não consiste em comida e bebida, mas é justiça, paz e alegria no Espírito Santo. Quem desta maneira serve a Cristo, torna-se agradável a Deus e aprovado pelos homens.”

Rm 15, 16 – “... de ser ministro de Cristo Jesus junto às nações, a serviço do Evangelho de Deus, a fim de que as nações se tornem oferta agradável, santificada pelo Espírito Santo.”

Ef 2, 20-22 – “Estais edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, do qual é Cristo Jesus a pedra angular. Nele bem articulado, todo o edifício se ergue como santuário santo no Senhor, e vós, também, nele sois co-edificados para serdes habitação de Deus, no Espírito.”

1Pe 1, 2 – “... segundo a presciência de Deus Pai, pela santificação do Espírito, para obedecer a Jesus Cristo e participar da benção da aspersão do seu sangue. Graça e paz vos sejam concedidas abundantemente!”

Um dos exemplos bíblicos mais referidos quando se fala em Santíssima Trindade, embora não seja textualmente tão direto, é o relato sobre o batismo de Jesus, em que as chamadas "três pessoas da Trindade" se fazem presentes, com a descida do Espírito Santo sobre Jesus, sob a forma de uma pomba, e com a voz do Pai Celeste dizendo: "Tu és o meu Filho amado, em ti ponho minha afeição." Mc 1, 11

A Didaquê, primeiro conjunto doutrinário primitivo autêntico de escritos cristãos, que data por volta dos anos de 70 a 90 (portanto do primeiro século da Era Cristã), originado da Síria ou da Palestina, faz menção a Santíssima Trindade no trecho em que é reforçado o batismo no nome do Pai, Filho e Espírito Santo. A Didaquê foi escrita entre 15 e 25 anos após as cartas de Paulo e aproximadamente na mesma época em que foram escritos o Evangelho de São Marcos (70) e Mateus (80).
 
A definição da Doutrina Trinitária atravessaria os primeiros séculos da Igreja. Mas isso é assunto para uma outra postagem.

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A Santíssima Trindade na iconografia cristã bizantina

Quem é o Espírito Santo?

No dia de hoje, a Igreja Católica celebra de forma solene o dia de Pentecostes. Uma data litúrgica que possui íntima ligação com o Espírito Santo, a terceira pessoa da Santíssima Trindade. Mas quem é o Espírito Santo?

O Espírito Santo não se define. É sublime e misterioso. Diferentemente do Pai e do Filho, não há como, nem metafisicamente falando, saber diretamente quem é. Entretanto, é possível que das três pessoas do Deus Uno e Trino, a Sua presença é a que mais sentimos. É pela ação do Espírito Santo que a nossa fé cresce e dá frutos.

O Espírito Santo é comunhão que faz nascer a unidade no amor. Quando uma pessoa sente a necessidade de viver em comunidade , de partilhar seu ser, de servir, de amar e de ser amada, é porque o Espírito Santo está agindo nela.

O Espírito Santo é a vida, o maior dom de Deus. Toda experiência de vida plena é dom gratuito e amoroso de Deus. Também é ação do Espírito Santo.

O Espírito Santo é transformação. A vida é um esforço constante de superação, transformando-se e renovando-se a cada dia. Quem não se transforma, não vive. E quando se respeita o dom da vida e se vive em comunhão, é porque o Espírito Santo nos dirige e nos impele a nos renovarmos e a nos transformarmos.

O Espírito Santo é verdade. Jesus prometeu e depois enviou o Espírito Santo sobre os apóstolos s sobre a primeira comunidade cristã, embrião da Igreja. "O Espírito Santo descerá sobre vocês e vocês receberão dele a força; e vocês serão as minhas testemunhas, em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins do mundo." (At 1, 6-9). Neste momento, aqueles homens humildes e ignorantes, que até ali não entendiam muitas das palavras do Mestre, foram inundados de sabedoria e verdade.

Muito mais poderia ser dito. Porém, mais importante é aceitar este sopro de verdade e transformação em nossa vida deixando que Ele nos guie nos tornando sempre livres e nos fazendo renovados.

"Vinde Espírito Santo. Enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado. E renovareis a face da terra.
Oremos: Ó Deus que instruístes os corações dos vossos fiéis, com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas, segundo o mesmo Espírito e gozemos sempre de sua consolação. Por Cristo Senhor Nosso, amém."

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